Autoria:Marlena de Blasi
''Eu te amo Fernando'',digo para mim mesma e para o fogo.Estou atordoada com esse novo fato na minha vida,mais pela rapidez de sua chegada do que por sua veracidade.Procuro alguma sensação de Folie á deux.
Não encontro nenhuma.Mais do que estar cega de amor,eu estou conseguindo ver o amor,vê-lo de verdade.
Nunca tive sequer a sensação passageira de algum dia ter sido posta em cima de um cavalo branco por um príncipe de ,encaracolados pelo ''homem que seria meu rei'',pelo ''homem da minha vida'',Nunca senti a terra tremer.Nunca.O que senti, o que sinto é tranquilidade.Com exceção daquelas primeiras horas que passamos juntos em Veneza,não houve confusão,não houve desconcerto,nada do raciocininou da ponderação que se poderia julgar naturais para uma mulher mergulhada até os joelhos na meia-idade e que está pensando em dar um grande passo.Agora todas as portas estão abertas e,atras delas,há um luz cálida e amarela.Isso não parece uma perspectiva nova,mas sim a primeira e unica perspectiva que não resultou de um compromisso nem de uma reavaliação.Fernando é uma primeira escolha.Eu nunca tive de convencer a mim mesma a ama-lo,nem de ponderar sua qualidades e defeitos em um bloco de notas.Tampouco tive,mais uma vez ,de lembrar a mim mesma que já não era tão jovem,que deveria me sentir grata pelas atenções de mais um ''homem muito gentil''.
Muitas vezes,somos nós que não deixamos a vida ser simples.Por que precisamos espreme-la,morde-la e arremessa-la contra o que nos convencemos serem nosso grandes poderes racionais?Nós violamos a inocência das coisas em nome da racionalidade para podermos seguir sem interrupção nossa busca por paixão e sentimento .Vamos respeitar o caráter sagrado do inexplicável. Eu o amo.
Pernas finas,ombros estreitos,tristeza,delicadeza,belas mãos,bela voz,joelhos enrugados.Nenhum saxofone.Nenhum avião.Fantasmas ardilosos.
(...)Sei quanto estou arriscando com o estranho,porém,mais do que isso,sei que,aconteça o que acontecer,pela primeira vez na vida estou apaixonada.
Vamos respeitar o caráter sagrado do inexplicável. Eu o amo.
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